Diana Coe
2 min readNov 22, 2023

Maldição Milenar.

Pisei num chão inexistente.
Que desabou abaixo de mim sem que eu percebesse.
Flutuando na minha própria confusão.

Despenquei por cenários de dúvidas que me atravessaram, de sonhos que me avassalaram e dores que me atormentaram.

Quebrando níveis de dimensões de mim mesma que eu nem sabia que existiam

Em queda livre por memórias já esquecidas e lembranças perdidas.

Sem tempo pra focar e entender, porque só de olhar uma imagem ela já era substituída por outra e outra.

Vivi essa queda por centenas, milhares de anos psicológicos, num passo temporal que me desalma.

Sem saber se estou perdendo ou integrando essas partes perdidas de mim mesma. Aterrorizada com o que poderia me tornar.

Da dissociação que é tão conhecida, por tantos anos minha melhor amiga. Junto ao desconforto de ser eu mesma.

Viver na minha pele em chamas, num sensorial que me acaba.

Me desfazendo em dezenas de pessoas que se quer conheço, mas que ao mesmo tempo tenho tantas lembranças.

Do terror de me olhar em espelhos quebrados e me identificar mais do que quando me olho num espelho inteiro.

Pois vejo e revejo minhas partes, tão distintas e opostas. Contraditórias, paradoxais. Resgatando as mais antigas das minhas fossas abissais.

O tempo não me para, só me arrasta, por linhas temporais indefinidas de futuros que ainda não aconteceram, mas que se ramificam a cada pensamento, a cada sinapse.

Me pego finalmente caindo num mar negro, refletindo os infinitos sóis que me observam distantes.

Para que eu afunde uma última vez numa nova mudança, que ao mesmo tempo que dura centenas de anos, acontece num instante.

E vago nas minhas próprias histórias nunca contadas, sem poder nunca descansar.

Acho que essa acaba sendo, minha maldição milenar.

Diana Coe

Design, Ciência, Autismo, Emoção e Natureza. Tento ampliar as possibilidades de futuros e caminhos através de perspectivas neurodivergente e interdisciplinares.